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Displasia coxofemoral em cães: quais os sinais e tratamentos

Atualizado: 2 de mai. de 2020



A displasia coxofemural é caracterizada pelo arrasamento do encaixe do quadril causando uma instabilidade articular que geralmente acontece nos dois membros. É mais comum em animais de raças grandes e gigantes como labrador, chow chow, pastor alemão, mas também pode ocorrer em animais menores. A causa ainda não é bem definida, mas é possível que haja alteração no processo de ossificação, fatores ambientais como piso liso, genéticos como excesso de peso ou casos na família ou ainda falha na amamentação.


Uma diferença de proporção entre o desenvolvimento da massa muscular e o crescimento ósseo da articulação do quadril é a principal causa fisiológica, ou seja, o músculo não consegue acompanhar o crescimento rápido do osso, fato esse que justifica a predisposição racial dessa doença em animais de grande porte. Isso causa uma instabilidade articular e influencia negativamente no processo de frouxidão articular.


Os sinais clínicos variam amplamente podendo aparecer como mudança no caminhar, mancando em um ou mais membros, coluna arqueada, peso deslocado, andar rebolando.


Como cuidar de um cão com displasia


Cuidados no dia a dia dos animais podem minimizar futuras lesões ortopédicas. Animais que vivem em ambientes de piso liso podem ser colocados em locais de piso mais áspero ou pouco derrapante como na grama ou quintal, quando houver essa possibilidade, mesmo que não seja o tempo todo. Caso não haja essa opção como no caso de animais que convivem com os tutores dentro de caso, passadeiras antiderrapantes são uma boa opção para serem distribuídas em locais de maior movimentação do animal.


Também existem no mercado botas (Paws) antiderrapantes que podem ser usados em alguns períodos do dia para que o animal ande sem escorregar no ambiente. O que se deve atentar é que não são os sapatos comumente vendidos em pet shops ou lojas virtuais de produtos animais. São produtos emborrachados normalmente de uma cor só, semelhantes a um balão de aniversário que tem vários tamanhos para que não comprima a região da canela ou do animal. Outra observação importante é que esse acessório não deve permanecer por mais de duas ou três horas em uso.

Esse produto deve ser supervisionado principalmente nos primeiros usos para que o animal não coma ou estrague tentando tirar e não deve ser mantido continuamente, porque os animais fazem a troca de calor através da transpiração na região do palmar e plantar dos membros e também pode deixar o membro inchado caso seja escolhido um tamanho menor do que o ideal.


Outro fator que sempre dever ser levado em conta é a condição corporal do animal. Quando há excesso de peso ocorre uma sobrecarga nas articulações de forma geral no corpo e cães que apresentam displasia tem seu andar prejudicado e mudam sua posição anatômica como forma de compensação.

Como consequência, dores em outros membros podem surgir e piorar ainda mais a condição do animal.

Por esse motivo, os animais devem se manter ativos ao longo da vida toda com passeios e exercícios diários com frequência constante, mesmo os que vivem em casa com quintal com maior espaço necessitam de atividade física pois muitas vezes não tem nenhum estímulo para atividades nesse ambiente.


Os passeios também exercem função social, porque ao saírem podem conviver com outros animais, aprendem a respeitar mais limites e podem estabelecer laços afetivos com animais que tem mais afinidade.


Obesidade e problemas articulares


Para animais que estão muito acima do peso, a dieta de emagrecimento pode ser uma boa opção para acelerar o retorno ao escore corporal adequado.


Existem rações no mercado que dão mais saciedade com uma porção menor em gramas dessa ração, mantendo o suprimento energético adequado. O sucesso da dieta está diretamente ligado ao cumprimento das quantidades estabelecidas e ao controle da oferta de petiscos, que são grandes fontes calóricas e devem ser regrados ou cortados nesse período.


Peso adequado à idade e ao tamanho dos animais é importante para a saúde geral do animal. Hoje em dia encontramos pacientes muito acima do peso tanto por doenças endócrinas quanto por dieta inadequada. É sempre importante verificar a existência de patologias concomitantes para obter sucesso no tratamento.


O raio x é o exame mais comumente empregado e a confirmação definitiva é feita após os 24 meses de idade sendo que é necessário um procedimento anestésico para contenção adequada e posicionamento correto do animal.


Uma outra possibilidade em algumas regiões do país é a ressonância magnética, seu custo é mais elevado, mas é possível visualizar um detalhamento de estruturas que não é visto no raio x.


Como tratar


Como tratamento há duas possibilidades: tratamento cirúrgico ou conservativo. Quando a opção é cirúrgica, normalmente o  membro mais afetado  é feito primeiro e quando o animal se recupera é submetido à segunda cirurgia. Não há garantia de que o animal esteja completamente curado e que o quadro não evolua.


Como toda cirurgia, o pós-operatório é importantíssimo. Seguir as orientações de medicação, fazer os curativos necessários e principalmente permitir a movimentação do animal de forma controlada é fundamental para uma boa recuperação.


Antigamente existia uma ideia de que após um procedimento ortopédico o mais indicado seria manter o animal em repouso absoluto para que houvesse uma cicatrização melhor da ferida cirúrgica, porém já se sabe que essa conduta atrasa o retorno da marcha normal do animal. Atualmente os animais já saem andando para casa mesmo que de forma errada e são estimulados aos poucos a voltarem a utilizar o membro afetado.


Esse estímulo constante tem objetivo de minimizar a atrofia muscular e também evitar a contratura por inutilizar o membro. Quanto mais tempo o animal passa sem usar o membro operado mais lenta se torna a recuperação. Todo trabalho para reabilitação deve ser iniciado o quanto antes, de preferência imediatamente após a cirurgia.


E o tratamento conservativo?


Se o tratamento é conservativo algumas recomendações de adaptação do ambiente e dos hábitos do animal  são necessárias para que ele se mantenha estável, além do uso de medicamentos anti-inflamatórios, protetores articulares, fortalecimento muscular e acupuntura. 


São recomendações importantes: evitar que os animais subam e desçam degraus nos primeiros dias, pulem em sofás, camas ou outros móveis assim como tentem descer sozinhos, pois podem escorregar pela falta de equilíbrio ou dor por conta da cirurgia.


Evitar pisos lisos, fazer uso do colar elisabetano para que o animal não tente lamber ou arrancar os pontos e deixar o paciente longe de outros animais que possam mexer na ferida cirúrgica.


É muito importante também se atentar para higiene do local em que o animal se encontra, ambientes sujos, com restos de fezes e urina e a proximidade da área de alimentação e do local de dormir com esses excrementos podem predispor a infecções secundárias e complicar muito a recuperação do animal.


Acupuntura como tratamento para displasia


A acupuntura é cada vez mais indicada como terapêutica em doenças musculoesqueléticas como osteoartrite, hérnias de disco e artrite reumatoide.


A importância da acupuntura em casos articulares é de grande valia. É possível agir no tratamento da dor, redução da inflamação, liberação muscular, acelerar a cicatrização além do benefício de tratar o animal como um todo. Isso quer dizer que, reações adversas como náuseas, vômitos, gastrites, diarreias, podem ser tratadas à medida que surgirem, sem prejuízo ou efeitos colaterais.


Normalmente mesmo animais mais agitados permitem que se faça a sessão de acupuntura e costumam gostar bastante. Muitos dormem após conseguirem relaxar pelo efeito analgésico da acupuntura e rapidamente associam a melhora de sua condição ao tratamento e a cada sessão o manejo do animal fica mais fácil, pois ele permite que o agulhamento ou outra técnica mais adequado naquele momento seja feita.

Existem pontos mais sensíveis como os próximos às extremidades e pontos doloridos que podem variar de um animal para outro. Normalmente esses pontos ficam por último na sessão e mesmo sendo incômodos os animais permitem que sejam feitos.


As sessões costuma iniciar com frequência de uma ou duas vezes por semana de acordo com a indicação necessária e ao longo do tratamento as sessões tendem a se espaçar para semanalmente e posteriormente para a cada 15 dias. É possível que os animais apresentem algum retrocesso ou recaída quando se esforçam mais do que devem ou quando demonstram alguma sensibilidade a períodos do ano como inverno em que as doenças articulares tendem a piorar em muitos pacientes.


O tratamento com acupuntura não excluí nenhuma outra forma de tratamento, pelo contrário, a complementaridade de terapêuticas é benéfica para o paciente, pois ele será estimulado de diversas formas e o retorno as atividades diárias com qualidade e sem dor será mais rápido.


Animais que não passaram por cirurgia, assim como os já operados devem ser acompanhados para avaliação da manutenção da qualidade de vida e se houve algum progresso da doença.


Como melhorar a qualidade de vida do seu cão com displasia


Quanto ao inverno algumas medidas podem ser tomadas: observar se o local que o animal fica e dorme fornece um bom abrigo do frio ou se ele demonstra alguma procura por fonte de calor. Se isso estiver ocorrendo, pode-se forrar melhor o local que ele dorme para que ele não fique em contato direto com o frio, evitar banhos nesse período, ou preferir que eles sejam feitos nos horários mais quentes do dia e que não se exponham imediatamente a correntes de vento, uso de roupinhas para animais com pouco pelo e que aceitam bem esse

acessório, ou ainda, evitar tosar o animal nesse período, já que o pelo confere proteção térmica nos animais.


Se preconiza que animais afetados por displasia coxofemoral sejam castrados, já que é uma condição genética e não desejável que haja mais cães com essa condição.


De forma geral os animais se mantêm bem com tratamento conservativo, exceto os quadros muito graves ou que não há melhora com tratamento conservativo.

 
 
 

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