Cães podem ter diabetes?
- M. V. Beatrice Ribeiro
- 3 de mai. de 2020
- 6 min de leitura

O diabetes mellitus é uma doença hormonal em que há uma deficiência ou ausência na produção de insulina. Está entre as doenças endócrinas mais comuns em cães que pode ser fatal se não diagnosticada e tratada corretamente.
Cães entre 7 e 9 anos de idade são mais acometidos, e raças como Pisncher miniatura, Dashounds, Schnauzer miniatura, Poodles, Beagles, Spitz alemão anão, Golden rettriever, Whippet, Schnauzer e SRD tem predisposição genética.
Causas
Há dois tipos de diabetes, tipo 1 ( ou mellitus) no qual produção de insulina é deficiente e a glicose permanece circulante na corrente sanguínea sem conseguir entrar nas células e o tipo 2 menos comum que ocorre uma resistência à insulina. Tumores cerebrais (na hipófise) ou na glândula adrenal também podem ser desencadeadores da diabetes.
Outros fatores como hereditariedade, infecções virais, pancreatites, aumento da secreção hormonal devido a outras patologias endócrinas ou uso excessivo de medicamentos que influenciem nessa produção são fatores que também podem estar associados ao desenvolvimento dessa doença,.
Sinais
A obesidade é um fator importante para desenvolvimento da doença. Aumento da ingestão de água e da produção de urina também indicam possível elevação de glicose no sangue, assim como alteração de comportamento de animais que não urinavam pela casa que começam a adquirir esse hábito.
Algumas vezes, complicações da doença também podem levar o tutor procurar o veterinário como cegueira repentina causada por catarata.
Mesmo com a manifestação dos sinais clínicos é necessário um exame laboratorial para confirmar e mensurar a glicemia com uma amostra sanguínea e uma urinária.
O que fazer quando meu cão tem diabetes?
Depois de diagnosticada, o controle da glicose é imprescindível tanto para redução dos sinais clínicos quanto para atrasar a progressão da doença.
Adequação da dieta, aumento da atividade física, tratamento medicamentoso e uso de insulina são terapias comumente utilizadas porém, uma terapia pouco procurada nesses casos é a Acupuntura, que oferece bons resultados e ausência de efeitos colaterais,além de muito segura.
Os medicamentos são parte importante do tratamento e a regularidade é essencial para obter bons resultados. Não esquecer, errar ou atrasar as medicações, principalmente dos animais que fazem uso de insulina. A queda nos níveis desse hormônio pode levar a fraqueza, perda de consciência e até a morte rapidamente.
Animais que se apresentam muito estressados durante a consulta e a coleta do exame podem apresentar um aumento transitório da glicemia sanguínea, mas o mesmo não acontece no resultado da urina, o que é de grande valia para diferenciar animais realmente diabéticos e animais que sofreram um estresse e tiveram os índices glicêmicos momentaneamente elevados.
Como Acupuntura pode ajudar animais diabéticos
O uso da Acupuntura em doenças sistêmicas, em especial na Diabetes, visa controlar os efeitos colaterais que essa patologia causa através de liberação de substâncias químicas do próprio organismo com efeito analgésico e antiinflamatório local e sistêmico.
Técnicas
Além das agulhas tradicionalmente utilizadas nas sessões de Acupuntura, o uso do laser aplicado a esses pontos traz benefícios como redução significativa dos níveis de glicose no sangue e ainda com a vantagem de ser um método indolor, muito útil em felinos ou animais que não toleram sessões com agulha.
Outra técnica muito utilizada pelos terapeutas de Medicina Chinesa é a moxabustão, um bastão incandescente de Artemísia, que é uma planta com muitas funções terapêuticas que tem como forma de ação o calor provocado pela queima da erva e que ao ser utilizada próxima aos pontos de Acupuntura tem a capacidade de ativar a região provocando os efeitos terapêuticos desejados pelo médico veterinário especialista na área.
Como benefício da técnica, os animais se sentem mais dispostos, normalizam o apetite que muitas vezes fica comprometido pelos altos níveis de uréia e creatinina, levando-os a muitos episódios de náuseas e vômitos que debilitam ainda mais o paciente.
Considerando que a Medicina Tradicional Chinesa (MTC) também trabalha com prevenção, o principal objetivo é retardar o máximo possível a evolução da doença para que o organismo se desgaste o mínimo necessário e os danos consequentes da progressão da doença sejam os menores .
Assim como qualquer tratamento, principalmente de doenças mais graves e crônicas o empenho do proprietário é essencial, pois os animais diabéticos assim como humanos necessitam de mais disciplina quando comparado aos animais saudáveis pois a manutenção de bons hábitos interfere diretamente no sucesso dos resultados.

Exercícios regulares fazem bem para nós e para eles são essenciais durante toda a vida. Ajudam a reduzir o estresse além de manterem a condição física adequada do animal, servindo como prevenção e parte do tratamento.
A importância dos cuidados com a alimentação
O excesso de alimentos predispõe à obesidade o que é um fator de risco importante para essa doença. Animais que ingerem ração já tem quantidades pré-determinadas pelo próprio fabricante no verso das embalagens do produto, basta verificar a quantidade diária necessária e distribuir esse volume em pelo menos duas refeições ao dia, se possível três.
Animais assim como nós não devem passar muitas horas do dia sem se alimentar, a distribuição adequada dos valores energéticos diários garante que o organismo não sofra com os períodos de jejum. Essa medida pode prevenir diabetes, assim como o oferecimento de alimentos que não são indicados para o consumo por esses animais deve ser evitada.
É muito comum animais pedirem comida as pessoas e mais comum ainda é pessoas oferecerem alimentos inadequados aos pets porque acreditam que só um pouquinho não vai fazer mal, por dó ou porque eles gostam muito. Compreensivo que eles gostem, nós também gostamos de muitas coisas que não nos fazem bem, mas como somos responsáveis por eles, temos o dever de cuidar da melhor forma possível mesmo que isso pareça difícil.
Uma dica é trocar esses alimentos inadequados por outra forma de agrado, pode ser uma passeio ou carinho mesmo, eles vão adorar do mesmo jeito, ou até mais.
Animais que consomem ração de qualidade (categorias Premium e Super Premium ) tem as necessidades diárias já balanceadas pelo fabricante e o uso de petiscos, mesmo destinados a esses animais, em quantidades inadequadas desequilibram essa dieta e trazem prejuízos. Muitos desses produtos contêm grandes quantidades de conservantes principalmente sódio, que é prejudicial aos rins, órgão alvo acometido nessa doença.
Alimentos destinados ao consumo humano oferecem o mesmo risco ou pior quando não usados com supervisão de um nutrólogo veterinário. Para os tutores que desejam fazer uso de alimentação natural ela traz muitos benefícios em todas as idades porém, é necessário que seja feito um acompanhamento de um profissional especializado para garantir que não
estejam faltando nutrientes para esses animais,além de se atentarem para não oferecer alimentos que não são indicados para espécie.
De forma geral, alimentos industrializados não fazem bem aos pets como pizza, frituras, alimentos com corantes (temperos prontos), pães e carboidratos de baixa qualidade não devem ser oferecidos. Alho é considerado como tóxico para animais, assim como chocolate e algumas frutas como uvas não entram no cardápio.
Animais podem conviver normalmente com doenças graves e degenerativas e ter uma qualidade de vida satisfatória desde que sejam observadas as particularidades e necessidades de cada condição.
Hoje em dia existem algumas facilidades para os pacientes veterinários diabéticos que fazem uso de insulina. Esses animais precisam fazer medições constantes ao longo do dia dos níveis de glicose, tanto para o proprietário quando para o animal isso se torna uma situação desconfortável e hoje no mercado já existe um sensor que é instalado na pele do animal e ao aproximar um sensor é possível fazer a leitura do índice de glicemia sem a necessidade de furar o animal. Esse sensor dura em média 14 dias e precisa ser trocado após esse período.

Na região em que o produto é colocado é feita a retirada do pelo para evitar contaminação e para que o aparelho possa aderir da forma correta. Esse procedimento é seguro e não oferece risco aos animais; existe um custo envolvido que deve ser considerado, assim como o conforto do dono e do animal. Alguns cuidados devem ser tomados como proteger a região para que o animal não retire o implante.
Como é a vida de um animal diabético?
Animais que se mantêm compensados, ou seja, com os níveis de glicose controlados e com os efeitos adversos tratados tem mais qualidade de vida e consequentemente menos complicações decorrentes do avanço da doença.
É necessário acompanhamento regular desses pacientes para verificar a evolução e eficácia do tratamento e necessidade de possíveis ajustes ao longo do tempo.
Mesmo em doenças crônicas como no caso do diabetes é possível melhorar muito a qualidade de vida do paciente com as diversas técnicas disponíveis na Medicina Chinesa como dietoterapia que é um aspecto essencial para trazer uma condição de resposta ao tratamento mais eficiente.
Medicações chinesas , os fitoterápicos chineses, também auxiliam na melhora do paciente através de potencializar o tratamento tradicional e previnem as possíveis complicações decorrentes do diabetes. Esses medicamentos não causam efeitos colaterais quando indicados adequadamente e devem ser prescritos por profissional capacitado da área.
É importante ressaltar que a Acupuntura é uma forma de potencializar os efeitos do tratamento tradicional, ajudando no controle da glicemia e consequentemente reduzir as medicações que o animal precisa utilizar. Como mais um benefício, a utilização de menores doses de remédios, menos efeitos colaterais aparecerão.
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